A preocupação com a mobilidade nas grandes cidades deu o tom do 12º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, promovido pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), em 1999. A 45ª edição da Technibus acompanhou as principais discussões que ocorreram no encontro. A previsão, na época, era de que o país chegasse a 47 milhões de veículos em circulação nos 10 anos seguintes, ou seja, em 2009. E a projeção estava correta. Atualmente, o Brasil já tem uma frota total de quase 124 milhões de veículos.
Segundo a reportagem da 45ª Technibus, “a perdurar a tendência de crescimento dos congestionamentos, a verdade e que, na maioria das metrópoles brasileiras, no futuro ninguém vai conseguir se mover com o mínimo de rapidez pelas vias asfaltadas. Conclusão: ou cidadãos, poder público mudam radicalmente sua atitude em relação ao transporte coletivo — que precisa passar a ser considerado prioridade absoluta ou a coisa vai complicar. E muito“.
E a situação realmente se complicou. Houve avanços, sem dúvida, mas o trânsito é um dos principais obstáculos para um transporte coletivo mais ágil e eficiente. A reportagem de 1999 trazia uma série de depoimentos sobre diferentes temas que afetavam (e continuam afetando) a mobilidade urbana:
“É preciso que o idoso seja transportado de graça, e não às custas dos outros passageiros do transporte coletivo, que na grande maioria são de baixa renda. O governo tem que pagar. Isso ainda é uma coisa pouco discutida no Brasil, mas nos vamos ter que bater nessa tecla“, afirmava Rogério Belda, ex-presidente da ANTP, sobre a necessidade de subsídios. Por sinal, um dos temas que realmente evoluiu no Brasil, principalmente após a pandemia.
“O pedágio urbano é uma das soluções propostas – já existe em Atenas e Singapura, por exemplo. Uma solução melhor ainda do que o pedágio é a taxação da gasolina. Porque se eu quiser deixar o carro em casa não pago nada. Mas se eu quiser sair de casa, eu pago. E o rodízio de São Paulo foi uma experiência
muito positiva. Houve uma efetiva redução do número de veículos circulando“, comentava Nazareno Stanislau Affonso, diretor-presidente do Rua Viva/Instituto da Mobilidade Sustentável. Em 2025, o pedágio urbano continua no campo das discussões…
Eduardo Pacheco, secretário de formação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes (CNTT), acreditava que a bilhetagem eletrônica poderia reduzir os postos de trabalho, mas também via aspectos positivos na tecnologia, que avançou muito desde então. “Quando se usa, por exemplo, o smart card, se trabalha com muita informação que pode possibilitar outros ganhos para o sistema de transportes: o controle da evasão de receita, a diminuição das chamadas gratuidades, etc“.
Outro destaque da edição 45 da Technibus é a entrevista com Cláudio de Senna Frederico, secretário estadual de Transportes Metropolitanos de São Paulo na época e presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP). O especialista defendia que todas as instâncias de governo deveriam dar prioridade ao transporte coletivo.
“O que a ANTP discute é que a opção pelo automóvel é exacerbada pela falta de apoio ao transporte público. Além disso, o Governo Federal tem tomado muitas medidas de apoio à indústria automobilística de uma maneira geral e não tem dado o mesmo tratamento em relação ao transporte público, que deveria ser, este sim, o eixo motriz no processo de transporte“, afirmava.
Senna Frederico atualmente é vice-presidente da ANTP e continua atuando firmemente na defesa do transporte coletivo brasileiro. Por sinal, a próxima edição da Technibus (177) trará uma entrevista exclusiva com o engenheiro e consultor internacional, que permanece como uma autoridade quando o assunto é mobilidade urbana.
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