Flávio Pimenta, diretor de mobilidade da América Latina da Livoltek: “A mobilidade urbana só faz sentido quando pensada de forma integrada”

Em entrevista à Technibus, o executivo fala sobre hubs multimodais, digitalização e o papel estratégico da eletrificação na construção de cidades mais sustentáveis

Valeria Bursztein

Technibus – Como a sua empresa avalia o atual momento do transporte público no Brasil e quais têm sido as principais demandas dos clientes nesse cenário?

Flávio Pimenta – Hoje o transporte público no Brasil vive um momento de transformação. Há uma pressão crescente por eficiência operacional e, ao mesmo tempo, uma urgência em reduzir emissões e adotar práticas mais sustentáveis. Os clientes têm buscado cada vez mais soluções de eletrificação de frotas, tanto em ônibus urbanos quanto em veículos de apoio, além de infraestrutura de recarga confiável. Também percebemos uma demanda muito forte por soluções integradas de energia que ajudem a reduzir custos com eletricidade — seja por meio de carregamento inteligente, seja pela adoção de sistemas de armazenamento (BESS) para mitigar picos de demanda.

TechnibusQuais foram os resultados mais relevantes conquistados recentemente, seja em termos de novos contratos, projetos ou desempenho de soluções já implementadas?

Flávio Pimenta – Conquistamos avanços importantes, principalmente no que diz respeito à expansão das soluções de mobilidade elétrica. Destaco o fortalecimento de nossas parcerias no Brasil, que têm nos permitido viabilizar projetos-piloto de recarga de frotas com integração a sistemas de armazenamento de energia. Esses projetos já têm mostrado resultados práticos em termos de confiabilidade e redução de custos. Além disso, estamos consolidando nossa presença em diferentes segmentos de mobilidade, desde infraestrutura para ônibus elétricos até soluções de recarga para veículos leves.

Technibus – Quais soluções tecnológicas vocês estão desenvolvendo para melhorar a gestão da operação do transporte coletivo e otimizar a eficiência das frotas?

Flávio Pimenta – Nosso foco está em desenvolver infraestrutura de recarga inteligente para frotas elétricas. Isso inclui carregadores de alta potência compatíveis com diferentes padrões (CCS2, CHAdeMO e Tipo 2), além de sistemas de carregamento coordenado, que evitam sobrecarga da rede e reduzem custos para os operadores. Outro ponto é a integração com sistemas de armazenamento de energia que funcionam como buffer, garantindo disponibilidade mesmo em horários de pico. Também estamos evoluindo em soluções digitais de monitoramento, que permitem acompanhar o estado da frota em tempo real, prever falhas e melhorar a manutenção, mas sempre com foco em apoiar a transição para a mobilidade elétrica.

TechnibusDe que forma as tecnologias oferecidas pela empresa contribuem para aprimorar a experiência do usuário em aspectos como conforto, confiabilidade, informação em tempo real e acessibilidade?

Flávio Pimenta – A principal contribuição da Livoltek é garantir que o ônibus elétrico esteja sempre disponível, confiável e eficiente. Isso reflete diretamente na experiência do passageiro: menos falhas, mais conforto e maior previsibilidade. Ao viabilizar uma recarga inteligente e confiável, ajudamos operadores a manter horários regulares, o que melhora a confiabilidade para o usuário final. Além disso, trabalhamos com parceiros na integração de dados para disponibilizar informações em tempo real, como localização e tempo estimado de chegada, o que facilita a vida de quem depende do transporte público.

TechnibusComo as suas soluções podem apoiar a integração entre diferentes modais (ônibus, metrô, VLT, bicicletas) e a digitalização dos sistemas de mobilidade urbana?

Flávio Pimenta – A mobilidade urbana só faz sentido quando pensada de forma integrada. Nossas soluções de energia e recarga permitem criar hubs multimodais, onde diferentes meios de transporte compartilham infraestrutura elétrica confiável. A eletrificação de terminais, por exemplo, pode atender desde ônibus até pontos de recarga para bicicletas e veículos de apoio.
Além disso, desenvolvemos soluções abertas e compatíveis, que se integram com sistemas digitais de gestão, apoiando as cidades na construção de uma mobilidade realmente conectada.

TechnibusA sua empresa tem investido em projetos voltados à sustentabilidade, como eletrificação de frotas, redução de emissões ou uso de dados para otimizar consumo?

Flávio Pimenta – Sim, esse é exatamente o nosso foco. Toda a nossa linha de carregadores e sistemas de armazenamento de energia foi pensada para acelerar a eletrificação das frotas e reduzir as emissões do transporte coletivo. Acreditamos que a transição energética passa pelo transporte público, e estamos investindo em tecnologias que permitem que as cidades façam isso de forma economicamente viável. Além disso, utilizamos dados de recarga e operação para otimizar o consumo de energia, sempre com o objetivo de reduzir custos e impacto ambiental.

Technibus Quais aplicações de Big Data, Inteligência Artificial ou IoT já estão sendo utilizadas para melhorar planejamento, monitoramento e tomada de decisão no transporte público?

Flávio Pimenta – Já utilizamos IoT embarcada nos carregadores e em sistemas de armazenamento para monitorar o desempenho em tempo real. Esses dados alimentam plataformas de análise que permitem prever falhas e otimizar os ciclos de recarga. Também trabalhamos com algoritmos que ajustam o carregamento da frota de acordo com a disponibilidade de energia, a tarifa em cada horário e a demanda de operação, garantindo o melhor equilíbrio entre custo e eficiência.

TechnibusQuais são as principais linhas de pesquisa e desenvolvimento que estão em andamento na empresa e como elas podem impactar o futuro da mobilidade urbana?

Flávio Pimenta – Hoje estamos investindo fortemente em três linhas de P&D: carregamento inteligente de frotas elétricas, com ênfase na coordenação entre múltiplos veículos; integração entre armazenamento de energia (BESS) e recarga, para garantir disponibilidade mesmo em horários de pico e reduzir o impacto na rede elétrica; e infraestrutura modular e escalável, que permite que operadores comecem com pequenos projetos e ampliem conforme a frota cresce. Essas iniciativas têm potencial de acelerar a eletrificação e tornar a mobilidade urbana mais sustentável e acessível.

Technibus – Na sua visão, qual será o legado da empresa para o transporte público nos próximos anos e como imagina que a mobilidade urbana brasileira vai evoluir nesse período?

Flávio Pimenta – Acredito que o legado da Livoltek será ter ajudado a viabilizar a eletrificação do transporte público no Brasil de maneira acessível, confiável e sustentável. Nossa missão é transformar energia em movimento, e isso significa colocar tecnologia a serviço das cidades e das pessoas.
Nos próximos anos, vejo uma mobilidade urbana muito mais elétrica, interconectada e digitalizada, com ônibus silenciosos, menos poluição e serviços mais confiáveis. A Livoltek quer ser lembrada como uma empresa que contribuiu de forma decisiva para essa transição.

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