O vigor da indústria de carrocerias de ônibus no Brasil

No final do ano de 1999, a Technibus mostrava os desafios do mercado de ônibus e as estratégias das encarroçadoras para superar esse cenário desfavorável

Marcia Pinna

A 47ª edição da Technibus, de novembro/dezembro de 1999, trazia uma série de reportagens sobre algumas das principais encarroçadoras do país: Busscar, Caio, Ciferal, Comil, Irizar, Marcopolo e San Marino Neobus. Apesar do ano desafiador – 1999 registrou quedas significativas para as fabricantes de carrocerias e de chassis de ônibus – as empresas do setor reagiram e apresentaram lançamentos, novos contratos e estratégias inovadoras para resistir aos ventos desfavoráveis.

Alguns dos destaques da Technibus 47: “indústrias de carrocerias fazem testes com protótipos para chassi de minibus da Mercedes-Benz”, “Caio apresenta novas vendas e recomposição societária, “Irizar consolida operação em Botucatu (SP) baseada nas exportações e no segmento de fretamento e turismo”, “Ciferal lança o urbano Turquesa, concebido sob a influência da tecnologia e dos métodos de produção da Marcopolo”, além dos “ônibus rodoviários da linha Campione, da Comil”.

O setor de fretamento e turismo se apresentava como um mercado promissor. A TSA Turismo era um exemplo desse bom momento: com um investimento de R$ 3,2 milhões, a empresa adquiriu 11 veículos com carrocerias Busscar, incluindo dois micro-ônibus, três Vissta Buss 360 e seis modelos Double Decker (DD). O bom desempenho dos modelos DD foi “uma grata surpresa e sinaliza potencial do fretamento e turismo no futuro próximo”, antecipava a reportagem.

A Technibus 47 também trazia outra novidade neste segmento: a cidade do Rio de Janeiro passava a contar com o City Rio, serviço composto de linhas de ônibus adaptados para a visitação de 270
pontos turísticos. A carroceria havia sido especialmente projetada pela Busscar, com chassi low-entry da Scania.

Enfim, as fabricantes inovavam e estavam atentas às oportunidades que surgiam. Cássio Schubsity, editor da revista na época, destacava que “a indústria brasileira de ônibus continua sendo uma fortaleza, seja no mercado interno ou no exterior. A disputa entre os fabricantes tende a se acirrar nos próximos anos. E quem vai se beneficiar com esse fato, sem dúvida, são as empresas operadoras e os passageiros”.

Temas atuais

A revista abordava ainda outros assuntos que eram tendência na época e hoje continuam em no centro dos debates do setor de transporte rodoviário de passageiros. A concorrência com o modal aéreo é uma exemplo: “As empresas de ônibus reconhecem hoje que seu maior concorrente vem do transporte aéreo e vice-versa. Como resultado disso, merece ser registrada a considerável melhora na qualidade dos serviços do transporte por ônibus em linhas em que a concorrência com o transporte aéreo é mais intensa”, observava Maria Lúcia Rangel Filardo, professora de economia da USP e coordenadora geral do Idet/Fipe-CNT.

E os equipamentos de ar-condicionado se tornavam mais populares, pois as empresas passaram a investir na climatização dos seus veículos “para agregar qualidade e reconquistar clientes perdidos para o transporte alternativo”, mostrava a 47ª edição da Technibus.

A tecnologia sempre mereceu espaço na revista e, nesta edição, não foi diferente. A reportagem detalhava “a primeira revolução tecnológica, a dos chamados SBAs (Sistemas de Bilhetagem Automática). O objetivo básico, nesse caso, é a redução de custos operacionais por meio de sistemas automatizados simples, voltados quase exclusivamente à agilização da cobrança no veículo é a redução da defasagem tarifaria”.

Confira a edição completa da Technibus 47

Acesse: Acervo OTM Editora

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