As melhores e piores cidades para cobertura digital rodoviária no país

Levantamento do BuscaOnibus revela desigualdade na oferta de rotas e aponta desafios de digitalização e logística no transporte rodoviário brasileiro

Redação

Um levantamento realizado pela plataforma BuscaOnibus revela quais cidades brasileiras apresentam melhor e pior cobertura de linhas de ônibus. O índice analisado representa o percentual de buscas por destinos que não resultam em passagens disponíveis — indicando ausência de linhas operadas ou ausência de oferta no ambiente digital. Os dados são referentes a pesquisas feitas no mês de maior movimentação rodoviária no país (janeiro/2025).

Entre as cidades com maior percentual de buscas sem disponibilidade de rotas, destaque para Natal/RN (46,83%), Bagé/RS (39,26%), Vitória/ES (36,97%), Recife/PE (36,82%) e Maceió/AL (36,34%). Cidades relevantes como Santos/SP e Joinville/SC, a mais populosa do estado, também apresentaram alto índice de “não cobertura”, respectivamente 23% e 22%. 

Em capitais e cidades de médio porte, um índice elevado de “não cobertura” reflete uma lacuna na digitalização do setor, já que, mesmo havendo linhas disponíveis, a venda ocorre apenas de forma presencial nas rodoviárias. Outro fator que afeta esses resultados é a falta de integração digital entre o transporte intermunicipal e o interurbano.

“Em muitas cidades-satélite, as rotas curtas — frequentemente entre municípios vizinhos — são operadas por sistemas de transporte interurbano, geralmente geridos e regulados em âmbito municipal ou estadual. Na maioria dos casos, esses sistemas não possuem integração digital com as plataformas do transporte intermunicipal e interestadual, regulado pela ANTT, o que gera lacunas na oferta on-line. Assim, horários de ônibus que poderiam aparecer nos sites de venda de passagens, acabam não sendo exibidos, dificultando a vida dos viajantes”, explica José Almeida, CEO do BuscaOnibus.

No Rio Grande do Sul, além de Bagé, polos como Pelotas (35,09%), Santa Maria (23,12%) e a própria capital Porto Alegre (21,34%) aparecem com índices elevados. Segundo Almeida, essa realidade no estado se explica por fatores como a baixa digitalização de rotas, restrições regulatórias e a necessidade de emissão de notas fiscais na origem, o que dificulta a operação on-line. “Em alguns casos, o próprio histórico do setor — que antes tinha rodoviárias como operadoras — criou estruturas rígidas e pouco adaptadas ao ambiente digital”, afirma. 

Desafios geográficos

O levantamento também identificou cidades menores com baixa cobertura de linhas devido a barreiras geográficas. É o caso de São Francisco do Sul/SC, com 87% de buscas sem resultado, e Paranaguá/PR, com 77%, ambas dependentes de travessias por ferry-boat. Um exemplo de avanço nesse sentido vem de Ilhabela/SP, que antes só possuía conexão até São Sebastião, exigindo balsa para o destino final, mas hoje conta com integração direta operada pela viação Pássaro Marrom.

CIDADES DE MÉDIO E GRANDE PORTE COM MENOR COBERTURA DE LINHAS DE ÔNIBUS

CIDADE % DE NÃO COBERTURA
Natal (RN)46,83%
Bagé (RS)39,26%
Vitória (ES)36,97%
Recife (PE)36,82%
Maceió (AL)36,34%
Pelotas (RS)35,09%
Santos (SP)23,12%
Santa Maria (RS)23,12%
Joinville (SC)22,6%
Porto Alegre (RS)21,34%


Onde a cobertura é melhor

Na outra ponta, o ranking das cidades com menor índice de “não cobertura” — e, portanto, melhor oferta de rotas online — é dominado por municípios de São Paulo (Marília, Limeira e  a Capital) e Paraná (Cascavel, Curitiba, Ponta Grossa e Maringá), além das capitais Goiânia e Cuiabá. A boa cobertura é um indicativo de mobilidade e dinamismo econômico, já que essas regiões têm registrado crescimento populacional e de atividade nos últimos anos.

“Se o setor rodoviário quer manter sua relevância, precisa se conectar aos roteiros turísticos, integrando as rotas regionais e oferecendo informações claras e acessíveis para o viajante. Temos um potencial enorme no turismo interno, mas é preciso pensar a mobilidade como parte da experiência. Onde o ônibus não chega ou não aparece nas pesquisas, o visitante pode desistir da viagem”, alerta o CEO do BuscaOnibus.

CIDADES DE MÉDIO E GRANDE PORTE  COM MAIOR COBERTURA DE LINHAS DE ÔNIBUS

CIDADE % DE NÃO COBERTURA
Cascavel (PR)4,18%
Cuiabá (MS)5,14%
São Paulo (SP)5,46%
Feira de Santana (BA)5,89%
Marília (SP)6,14%
Curitiba (PR)6,15%
Ponta Grossa (PR)6,24%
Limeira (SP)6,41%
Goiânia (GO)7,62%
Maringá (PR)7,63%

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