O 38º Seminário Nacional da NTU, que está sendo realizado em Brasília, trouxe um tema que promete transformar o transporte e a sociedade: “Inteligência Artificial (IA) e gestão por dados”. Rebeca Bezerra Leite da Fonte, cofundadora e sócia da Mobs2, afirma que a próxima mudança no transporte coletivo será comportamental e que a tecnologia precisa ser usada para mudar comportamentos.
“Hoje os ônibus contam com tudo que existe de mais moderno em tecnologia. Mas como fazer o motorista extrair o máximo de toda essa inovação? Não basta fornecer dados, porque o motorista, muitas vezes, não sabe que está errando e nem por que o faz. Dados sozinhos não mudam comportamentos. Por isso, a IA pode ajudar muito na orientação desses profissionais”, comenta.
A executiva conta que sua empresa desenvolveu plataformas de educação personalizada exatamente para essa finalidade. “É um coach pessoal 24 horas para cada motorista. Para que ele entenda onde está a falha e como pode aprimorar o seu trabalho. Não podemos esquecer que em cada inovação tecnológica, existe um ser humano por trás”, avalia.
Celso Camilo, professor da Universidade Federal de Goiás, também acredita que o fator humano precisa ser considerado. Para ele, a tecnologia deve ser vista como um meio e não como finalidade. “É fundamental saber onde a empresa quer chegar com o uso de IA. Muitas vezes, as organizações adquirem ferramentas avançadas, mas que acabam sendo pouco usadas pelos colaboradores. Há treinamento, mas ninguém aplica no dia a dia. Isso ocorre porque não se fez anteriormente a transformação digital na empresa, e isso envolve mudanças de comportamento e de mentalidade.”
Gustavo Balieiro, diretor da Bus2, destaca que a IA, neste momento inicial, pode ser importante para aumentar a rentabilidade das empresas de transporte, mas também para melhorar a experiência dos passageiros. “Analisando nossos clientes, observamos que há uma média de 95% de cumprimento de viagens, mas ainda 67% no cumprimento dos horários, por uma série de fatores. E isso tem impacto no usuário, que está adquirindo um serviço. A tecnologia pode ajudar bastante na percepção do passageiro”, afirma.
Inovação
Buscar as ferramentas certas e preparar o “time” para utilizá-las da melhor forma possível são fundamentais para o sucesso da implementação da inteligência artificial em uma empresa, acredita Celso Brandão de Oliveira Filho, fundador da Imã Learning Place e cofundador da Auramind.
“Para o transporte público, a IA pode ser útil de muitas formas, como: análise de fluxo, manutenção preditiva e atendimento automatizado de passageiros, por exemplo. É importante identificar as oportunidades e descobrir onde a IA será realmente bem empregada e trará benefícios concretos às empresas”, ressalta.
Com a inteligência artificial, a manutenção preditiva pode se tornar mais precisa. “Desenvolvemos uma solução, a ExploreAI, que pode dizer qual veículo irá quebrar na próxima semana, por exemplo. E também quais peças devem ser compradas para manutenção, evitando aqueles estoques grandes e com itens que não são usados. Criamos uma base de informações que permite ter esse tipo de precisão”, conta Valmir Colodrão, conselheiro da Primova.

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