Ricardo Portolan, diretor da Marcopolo: “A empresa entende que o futuro da mobilidade depende de soluções que sejam ao mesmo tempo eficientes, acessíveis e ambientalmente responsáveis”

“No que diz respeito à eletrificação da frota de ônibus no Brasil, a Marcopolo avalia esse processo como inevitável e estratégico, embora ainda enfrente desafios significativos”, comenta o executivo

Marcia Pinna

TECHNIBUS – Quais as principais ações da Marcopolo em ESG? Podemos destacar um projeto específico na área ambiental?

Ricardo Portolan – A Marcopolo está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas, incorporando essas metas globais em sua estratégia de negócios. Adota uma abordagem estratégica e integrada para ESG (ambiental, social e de governança), com iniciativas que abrangem desde a sustentabilidade ambiental até o desenvolvimento humano e a responsabilidade corporativa. Essa adesão reforça o papel da empresa como agente de transformação positiva, contribuindo para um futuro mais justo, inclusivo e sustentável. A empresa desenvolve uma série de ações voltadas à sustentabilidade em seus produtos e processos, reforçando seu compromisso com a inovação responsável e a mobilidade sustentável. No campo dos processos industriais, a empresa mantém um centro de triagem, reuso e reciclagem de materiais e resíduos, que permite a destinação correta de resíduos sólidos e a reintegração de materiais ao ciclo produtivo. Isso reduz significativamente o impacto ambiental das operações fabris. Também se destaca o tratamento de água e efluentes, com sistemas que garantem a reutilização da água em diferentes etapas da produção, promovendo a economia de recursos hídricos. Em relação aos produtos, a Marcopolo tem investido no desenvolvimento de veículos com menor impacto ambiental, como ônibus elétricos, híbridos e movidos a gás veicular, reforçando seu compromisso com a descarbonização do transporte coletivo e ampliando o portfólio de soluções sustentáveis para diferentes necessidades de mobilidade.

No campo social, um dos grandes destaques é a atuação da Fundação Marcopolo, que funciona como o braço social da empresa. Com mais de três décadas de história, a Fundação promove projetos voltados à educação, cultura, esporte e cidadania, beneficiando colaboradores, seus familiares e a comunidade em geral. Entre suas iniciativas estão o Projeto Escolas, que oferece educação complementar em instituições públicas; a Escola Marcopolo de Criatividade, com oficinas de teatro, música, artes visuais e pensamento computacional; e o ônibus-palco, que leva espetáculos culturais a diferentes regiões. A Fundação também mantém programas esportivos e ações de inclusão social, reforçando o papel da Marcopolo como agente de transformação social nas comunidades onde atua. A governança corporativa da Marcopolo é orientada por princípios sólidos de ética, transparência e inovação, com um olhar estratégico voltado para a sustentabilidade de longo prazo. A empresa adota uma abordagem estruturada e responsável, que se reflete em diversas práticas institucionais. Um dos pilares fundamentais é o seu Código de Conduta, que estabelece diretrizes claras para o comportamento ético de todos os colaboradores, fornecedores e parceiros. Complementando esse compromisso, a Política Global de Integridade reforça a cultura de conformidade e responsabilidade corporativa em todas as operações da companhia, tanto no Brasil quanto no exterior.

TECHNIBUS – Qual a importância da sustentabilidade para a empresa?

Ricardo Portolan – A sustentabilidade é um dos valores da Marcopolo. A empresa entende que o futuro da mobilidade depende de soluções que sejam ao mesmo tempo eficientes, acessíveis e ambientalmente responsáveis. Por isso, a sustentabilidade é tratada não apenas como uma obrigação ética, mas como um diferencial competitivo e um motor de inovação. A participação ativa em fóruns sobre o tema demonstra o engajamento institucional da Marcopolo com a agenda climática e com a construção de um futuro mais sustentável para o setor de transporte.

TECHNIBUS – Como a empresa avalia o processo de eletrificação da frota de ônibus no Brasil?

Ricardo Portolan – No que diz respeito à eletrificação da frota de ônibus no Brasil, a Marcopolo avalia esse processo como inevitável e estratégico, embora ainda enfrente desafios significativos. Entre os principais obstáculos estão a infraestrutura de recarga ainda limitada, o alto custo inicial dos veículos elétricos e a ausência de políticas públicas mais robustas que incentivem essa transição. Apesar disso, a empresa tem investido fortemente no desenvolvimento de soluções nacionais, como o Attivi Integral, que já circula em Porto Alegre, para acelerar a adoção de ônibus elétricos no país. A Marcopolo acredita que, com o apoio adequado, o Brasil pode avançar rapidamente nessa direção.

TECHNIBUS – Quais as perspectivas de mercado para o Attivi Integral e outros projetos de eletrificação?

Ricardo Portolan – As perspectivas para o Attivi Integral, o primeiro ônibus 100% elétrico desenvolvido e fabricado pela Marcopolo no Brasil, são bastante positivas. A empresa enxerga grande potencial de crescimento, especialmente em grandes centros urbanos que buscam reduzir emissões e melhorar a qualidade do transporte público. A estratégia da Marcopolo inclui parcerias com governos e operadores de transporte, além da exploração de mercados internacionais, especialmente na América Latina, onde há uma crescente demanda por soluções de mobilidade sustentável. O Attivi é apenas o início de uma linha de produtos que deve se expandir nos próximos anos, acompanhando a evolução tecnológica e regulatória do setor.

TECHNIBUS – E quanto às outras tecnologias (biometano, HVO, etanol)? A Marcopolo tem investido em modelos movidos a outros combustíveis mais “limpos”?

Ricardo Portolan – Além da eletrificação, a Marcopolo também investe em uma gama diversificada de tecnologias limpas. A empresa desenvolve e testa veículos movidos a biometano, gás natural e etanol, além de explorar o potencial do hidrogênio como fonte de energia para ônibus. Essas alternativas são consideradas complementares à eletrificação, especialmente em regiões onde a infraestrutura elétrica ainda é limitada. A diversidade de soluções permite à Marcopolo atender diferentes realidades e acelerar a transição para uma mobilidade mais sustentável.

TECHNIBUS – Na visão da Marcopolo, a indústria automotiva brasileira tem avançado em termos de ESG?

Ricardo Portolan – A Marcopolo reconhece que a indústria automotiva brasileira tem feito avanços importantes em termos de ESG, especialmente na adoção de práticas de descarbonização, economia circular e maior transparência na governança corporativa. No entanto, a empresa também destaca que ainda há muito espaço para evolução, principalmente no que diz respeito ao fortalecimento de políticas públicas de incentivo à inovação sustentável e à ampliação da infraestrutura necessária para novas tecnologias. A Marcopolo acredita que o Brasil tem potencial para se tornar uma referência global em mobilidade sustentável, desde que haja um esforço conjunto entre empresas, governo e sociedade civil.

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