Cronograma das obras do TIC Eixo Norte será apresentado em setembro

Documento definirá fases de implantação, localização dos canteiros e estratégia de obras do projeto de ligação ferroviária São Paulo–Campinas

Alexandre Asquini

A TIC Trens, concessionária responsável pela implantação do Trem Intercidades (TIC) Eixo Norte, que conectará São Paulo a Campinas passando por Jundiaí, divulgará no dia 25 de setembro de 2025 o cronograma executivo detalhado do projeto.

Segundo Pedro Moro, presidente da TIC Trens, o documento reunirá os marcos contratuais finais — com prazos de entrega estabelecidos em contrato — e os marcos intermediários, definidos pelo consórcio com base na estratégia de condução das diferentes obras e implantação ou recondicionamento de infraestruturas, entre as quais as estações.

O cronograma contratual estabelece o início da operação comercial do Trem InterMetropolitano (TIM) para o primeiro semestre de 2029. Para este caso, as obras serão iniciadas em maio de 2026. O TIM ligará Jundiaí a Campinas, em um trajeto de 44 quilômetros, com paradas em Louveira, Vinhedo e Valinhos, e tempo estimado de 33 minutos por viagem.

Já o Trem Intercidades (TIC) deverá iniciar operação no primeiro semestre de 2031, com trajeto de 101 quilômetros entre São Paulo (Estação Água Branca) e Campinas, realizando apenas uma parada intermediária em Jundiaí.

O início das obras do Trem Intercidades (TIC) está previsto para 2027. Será o primeiro trem de média velocidade do Brasil, com velocidade máxima de 140 km/h e capacidade para até 860 passageiros por viagem. Também está prevista para 2031 a remodelação da Linha 7-Rubi, igualmente concedida à TIC Trens.

Flexibilidade

Embora os marcos finais sejam fixados por contrato, o consórcio tem liberdade para definir a ordem e o ritmo das intervenções nos trechos, o que é fundamental diante da complexidade logística do projeto. Pedro Moro destacou que, desde a assinatura do contrato, em fevereiro de 2024, o consórcio trabalhou na preparação de um plano que envolveu todas as áreas da empresa e teve ainda a participação da MRS Logística, concessionária de carga que opera em parte da malha a ser compartilhada.

O consórcio estruturou um cronograma de ataque às obras, considerando os principais entraves técnicos e operacionais. “No trecho entre Jundiaí e Campinas, que é relativamente mais simples, com menos interferências, o foco está nas desapropriações e nas tratativas com a concessionária Rumo para liberação de áreas”, explicou Moro.

Já entre Jundiaí e São Paulo, o dirigente informou que a complexidade é bem maior, pois a Linha 7 está em operação, com 400 mil passageiros por dia, e a convivência com a carga da MRS exige planejamento minucioso. As intervenções devem ser bem coordenadas, e muitas vezes são restritas ao período noturno. A janela de trabalho na madrugada é fixa: três horas de duração, a partir da 1h da manhã, exigindo mobilização de equipes e precisão nas execuções.

O cronograma a ser apresentado em setembro terá papel fundamental para orientar a atuação dos entes públicos e privados envolvidos no projeto e para permitir maior transparência ao processo. A publicação do documento representará uma virada operacional no empreendimento ferroviário mais ambicioso do Estado de São Paulo em décadas.

Diálogo com municípios

Moro também respondeu a perguntas sobre futuros serviços ferroviários em sua interação com as cidades pelas quais passarão. Explicou que o governo estadual, antes de lançar o edital, fez convênios com todos os municípios, justamente para viabilizar o que for necessário para o funcionamento adequado do novo sistema.

Citou como exemplo municípios que são responsáveis por manter antigas estações, tombadas como patrimônio histórico, e que deverão conceder autorização para que a concessionária possa atuar de modo a torná-las operacionais.

O presidente da TIC Trens informou que, desde a assinatura do contrato, a concessionária tem dialogado com as prefeituras. Inicialmente foram contatadas as prefeituras de Campo Limpo Paulista até Campinas, e mais recentemente se iniciaram os contatos com prefeituras de municípios localizados entre Jundiaí e a capital. A ideia é aliar o projeto da concessionária a projetos que as prefeituras tenham para melhorar o entorno das estações, incluindo o viário.

De acordo com Pedro Moro, há uma questão complexa, que são os alagamentos que demandam obras de drenagem. Ele citou especialmente Franco da Rocha e Francisco Morato, duas cidades cujas estações foram elevadas e não serão afetadas diretamente por inundações, mas que poderão se tornar inacessíveis se não houver uma solução para esse tipo de ocorrência.

Integração modal

Com relação à integração modal, Moro informou que ainda não há tratativas com os diferentes municípios. “É preciso lembrar que essa é uma prerrogativa do governo estadual, não cabendo à concessionária TIC Trens essa iniciativa. Mas vamos sentar à mesa sobre este tema, do mesmo modo como acontecia no tempo da CPTM.”

O presidente da TIC Trens disse que, quanto à integração modal, normalmente a prefeitura e as operadoras de transporte que atuam no município fazem uma proposta, que é discutida, em especial quanto ao modelo e à partição tarifária. “Antes, a EMTU ou a secretaria de transportes metropolitanos faziam essa articulação — papel recentemente assumido pela Artesp. Estaremos à disposição para discutir o tema da integração com os municípios.”

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