Comprometida em se tornar uma cidade neutra em carbono até 2045, Hamburgo, na Alemanha, avança de forma concreta na transformação do seu sistema de transporte público. Um dos destaques da estratégia climática e de mobilidade da cidade é a eletrificação total da frota de ônibus, liderada pelas operadoras municipais Hochbahn e vhh.mobility.
Desde 2020, essas empresas passaram a adquirir exclusivamente ônibus com emissão zero, com o objetivo de atingir uma frota 100% elétrica até o início da década de 2030. Atualmente, 660 dos 1.900 ônibus da cidade já são elétricos, transportando cerca de 300 milhões de passageiros por ano.
A tecnologia priorizada é a de ônibus movidos a bateria, escolhida por sua viabilidade em larga escala, simplicidade operacional e alta produtividade. Para sustentar essa transformação, a cidade está investindo fortemente em infraestrutura: já existem cerca de 750 pontos de carregamento instalados em depósitos de ônibus.
A partir de 2026, Hamburgo entrará em uma nova fase da transição: será inaugurado em Meiendorf o primeiro terminal de ônibus concebido desde o início para operar exclusivamente com veículos elétricos. Essa iniciativa faz parte de uma visão mais ampla da cidade, que prevê a substituição do transporte individual por mobilidade compartilhada, o estímulo a modos ativos e sustentáveis como caminhada e bicicleta, a digitalização de processos e serviços urbanos e a adoção massiva de veículos com emissão zero.
O projeto é apresentado como um dos lighthouse projects (projetos farol) da Mobility Transition Tour, experiência que integra o UITP Global Summit 2025 e tem como propósito inspirar outras cidades a replicar soluções estruturais de baixo carbono.

Principais iniciativas até 2045
A meta da cidade é atingir a neutralidade de carbono em 2045, antecipando o plano anterior que previa 2050, com a expansão maciça do transporte público e cicloviário (frota eletrificada e mais ciclovias). Até 2045, espera-se que 50% da energia térmica venha de energia limpa ou sem carvão.
O plano “Digital Mobility Strategy” (implantado em abril 2024) inclui dados e infraestrutura em tempo real para transporte público, semáforos e ônibus, além de suporte à condução autônoma; cerca de 150 projetos de mobilidade em andamento, incluindo AHOI (shuttles autônomos) e sistemas Vay, Holon, entre outros.
No escopo do “Model Mobility Region Hamburg” — uma política coordenada com o ministério federal de Transportes (BMVI) — a meta é colocar até 10.000 veículos autônomos em circulação no entorno de Hamburgo até 2030 hamburg-business.com+2themayor.eu+2futuretransport-news.com+2ioki.com+2hamburg-business.com+2futuretransport-news.com+2. Esses veículos não se limitam a transporte de passageiros, também incluem serviços logísticos e shuttles on-demand baxcompany.com+7hamburg-business.com+7hamburg-business.com+7.
A nova linha de metrô U5 terá cerca de 24 km e 22 estações, construída em três etapas. Estima-se um investimento total de €15 bilhões até o final das obras. A U5 será totalmente automatizada (GoA4), com trens DT6 sem condutor e plataforma com portas de segurança. O controle automático será apoiado pela modernização de sistemas de sinalização.
As linhas U2 e U4 estão sendo equipadas com sistema CBTC, reduzindo intervalos para 100 segundos entre os trens. A conclusão dessa modernização está prevista para 2029, elevando frequência e eficiência energética.
A linha U4, com seus 13,3 km e 12 estações, já conecta HafenCity ao centro (Jungfernstieg e Hauptbahnhof). Está em curso a extensão de 1,9 km entre Horner Rennbahn e Horner Geest, com duas novas estações: Stoltenstraße e Horner Geest. O trecho entrará em operação no final de 2026.
No que se refere à bicicletas e micromobilidade, o sistema StadtRAD conta com 3.100 bicicletas e 250 estações, sendo que os ciclistas devem representar 25% dos deslocamentos na cidade. A meta da prefeitura é de que 80 % das viagens sejam em modal ativo até 2030.
Energia e infraestrutura elétrica
Estão nos planos da cidade a construção de hubs multimodais com carregadores, bicicleta e infraestrutura de energia verde nos bairros; a reforma da rede elétrica para suportar frota elétrica, bombas de calor e aquecimento urbano: rede de Fernwärme neutra em carbono, e descarbonização de ônibus e frota da cidade.
Também estão previstas estratégias para reduzir as emissões no transporte de mercadorias e nas entregas urbanas — com foco em soluções mais sustentáveis para o last mile e no uso de hidrogênio para veículos e embarcações. O corredor portuário se consolida como um hub sustentável de frete e logística para o comércio eletrônico.
Renata Verissimo, da ImpactoRV Comunicação, foi uma das jornalistas credenciadas no UITP Summit – Hamburgo 2025. Todos os dados acima foram coletados durante visita técnica ao sistema de transporte da cidade, guiada por especialistas da HVV – Hamburger Verkehrsverbund, entidade responsável pela coordenação e integração do transporte público na região metropolitana.

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