Tecnologia a serviço da mobilidade urbana

Soluções de monitoramento do novo Centro Inteligente de Mobilidade Urbana transformam positivamente o sistema de transporte coletivo do Espírito Santo

Valeria Bursztein

Um novo conceito de gestão da mobilidade urbana vem trazendo mais eficiência ao sistema de transporte coletivo no estado do Espírito Santo. A Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb-ES) implementou o Centro de Inteligência da Mobilidade Urbana, que utiliza tecnologia para extrair diversos dados da operação dos ônibus, apresentando-os em relatórios e dashboards com informações essenciais para uma gestão inteligente, rápida e precisa.

O centro gerencia o Transcol, sistema metropolitano integrado de estrutura tronco-alimentadora, que interliga os cinco municípios da região metropolitana da Grande Vitória por meio de dez terminais urbanos estrategicamente localizados. No sistema transitam, em média, 660 mil passageiros por dia, em 20 mil viagens. Os usuários podem se deslocar por vários trechos da Grande Vitória pagando uma única tarifa. Criado em 1989, o Transcol é operado por dez empresas privadas, divididas em dois consórcios, e gerido pela Ceturb-ES.

“Entendemos o transporte coletivo urbano como um sistema de alta criticidade, tal qual o da segurança pública, porque precisa operar perfeitamente para atender às demandas de deslocamento da população”, comenta o diretor-presidente da Geocontrol, Rogério Tristão. A empresa de tecnologia capixaba, especializada em soluções para os setores de agronegócio, segurança pública, receptores GNSS e mobilidade urbana, desenvolveu a solução que hoje viabiliza a gestão do transporte coletivo urbano da região.

Tristão explica que o princípio fundamental do projeto foi o monitoramento efetivo 100% integral. “Mesmo 1% não monitorado significa risco de penalização para a empresa operadora, prejuízo para a população pela falta de serviço e perda de confiança na gestão pública”, alerta.

Atualmente, a frota capixaba, composta por 1.650 ônibus e uma reserva técnica de 150 veículos, conta com dois sensores de operadoras distintas, em sistemas redundantes, para evitar falhas. “A base de tudo é o posicionamento do ônibus. Hoje, nosso fechamento mensal atinge mais de 99,9% de monitoramento efetivo da frota. No Brasil, a média está entre 90% e 95%”, destaca Tristão.

Além das funções tradicionais, como controle de itinerário, horários de partida e chegada — obrigações contratuais entre governo e concessionárias —, a solução da Geocontrol oferece dados imprescindíveis para os passageiros, como a previsão de horário de chegada do ônibus ao ponto. Todos os veículos possuem rastreador, acesso à internet e câmeras que, a cada minuto, capturam imagens do interior dos ônibus. Essas imagens são enviadas a um servidor, no qual são analisadas por inteligência artificial, indicando se o ônibus está vazio, com assentos ocupados ou lotado.

Por meio de um aplicativo, os usuários podem verificar se o veículo tem acessibilidade, ar-condicionado, internet, sua lotação e a previsão de chegada ao ponto. “Temos 1.000 ônibus com essa tecnologia embarcada. Pouquíssimos sistemas no mundo contam com esse tipo de tecnologia em ônibus. Conseguimos, por inteligência artificial, atualizar a cada minuto o nível de ocupação. O aplicativo conta hoje com 300 mil inscritos, representando 50% dos usuários do sistema”, detalha Tristão. Ele complementa: “Essa informação não é útil apenas para os passageiros, mas também para o planejamento inteligente da frota. Conseguimos aliviar o sistema nos horários de pico”.

A Geocontrol está desenvolvendo uma atualização do aplicativo que incluirá informações sobre o modal aquaviário. Em parceria com uma universidade local, a empresa finaliza um projeto para implementar tecnologia de auxílio a deficientes visuais. “Queremos apresentar a nossa solução de mobilidade urbana para outros estados no Brasil”, revela Tristão.

Centro de Inteligência –

O Centro de Inteligência da Mobilidade Urbana monitora 1.800 ônibus com apenas quatro operadores por turno. A tecnologia empregada utiliza inteligência artificial preditiva para detectar inconsistências na programação das viagens. Ou seja, 24 horas antes de possíveis problemas na operação, o sistema gera alertas para que sejam feitas as devidas correções.

Um software integrado ao planejamento e às operações permite que todos os envolvidos (garagens, fiscais, gerentes e operadores do CCO) façam ajustes em tempo real, utilizando a mesma ferramenta. Assim, é possível verificar se as viagens seguem conforme o planejado ou se há intercorrências, possibilitando decisões rápidas e correções eficazes.

Mais eficiência-

“O lançamento de dados em tempo real permite ao gestor do transporte corrigir problemas diretamente na origem, resultando em maior eficiência e conforto para os usuários”, explica o diretor-presidente da Ceturb-ES, Marcelo Antunes. Ele complementa: “Trata-se de um exemplo prático de como a gestão eficiente das tecnologias disponíveis pode gerar economia ao setor público e impacto positivo direto na sociedade”.

“O que estamos fazendo é otimizar as linhas a partir de indicadores. Temos um volume considerável de passageiros todos os dias, por isso a tecnologia é essencial, pois nos permite planejar melhorias no serviço e ter planos de contingência para qualquer eventualidade. A gestão sem tecnologia é inviável”, afirma Antunes.

Com a tecnologia, o centro acompanha a situação de cada linha, identificando atrasos, acidentes e a necessidade de ajustar a frota. “Estamos melhorando significativamente. Por exemplo, hoje temos uma média de 3% a 4% das viagens com atraso superior a 10 minutos. Quando assumi, há oito meses, essa média era de 15% a 20%”, conclui Antunes.

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