A Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus) prevê estabilidade para o mercado de ônibus, com volume similar a 2024, quando a produção atingiu 23.099 unidades. A estimativa no início do ano era de um crescimento de 5%, com 24 mil ônibus fabricados pelas encarroçadoras. “Com o aumento dos juros para 15% ao ano, o empresário vai retardar as compras”, afirma Ruben Bisi, presidente da Fabus.
Bisi ressalta que não há problemas de receita no setor – no segmento urbano as tarifas foram repassadas, o turismo está aquecido, o intermunicipal e interestadual tem demanda porque a passagem aérea está elevada e o Caminho da Escola continua comprando.
“O que há neste momento é uma instabilidade e falta de credibilidade por parte dos empresários em relação ao comportamento da economia e à escalada da taxa de juros, que já está muito alta. Se começar a aliviar o controle do déficit público e da inflação o empresário volta a se animar.”
Na avaliação do presidente da Fabus, se o mercado de ônibus terminar igual a 2024 será muito bom, porque a produção atingiu 23.099 unidades e cresceu 17,78% em relação a 2023. “O crescimento de 15,5% no primeiro trimestre deste ano em relação à igual período de 2024, mostra que há perspectiva de avançar mais”, ressalta Bisi.
Até agora, o mercado está bem, segundo o presidente da Fabus. A Volare cresceu 29% de janeiro a março, chegando a 818 veículos, e o segmento total de rodoviários avançou 9,6% com 1.607 unidades e, somente no mercado externo, o crescimento foi de 14,3%, somando 526 unidades. “Mas há preocupação com a taxa de juros que pode começar a impactar um pouco no setor”, afirma Bisi.
Ele ressalta, no entanto, que ainda há grande quantidade de ônibus ligada aos programas governamentais, como os escolares pelo programa Caminho da Escola e os urbanos pelo programa de aceleração do crescimento (PAC 3), que tem R$ 4,4 bilhões para renovação por meio do Refrota, com recurso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que é repassado aos bancos de montadoras para o financiamento dos ônibus. “Isso pode colaborar com o desempenho do mercado neste ano.”
Apesar do momento positivo, o segundo semestre será complicado para o mercado de ônibus e todos os setores da economia, de acordo com o presidente da Fabus. “A decisão de aumentar a taxa de juros para conter o consumo e controlar a inflação vai refletir no desempenho da economia, que terá um arrefecimento e poderá crescer menos do que no ano passado – ao redor de 1,9% como está sendo projetado – e isso afetará todos setores, e as empresas poderão ter crise de receita.”
“O Brasil precisa de reforma administrativa, de reduzir o tamanho do estado e o gasto público e, com isso, reduzir a inflação”, afirma Bisi. “Ao diminuir a inflação, cai a Selic e ativa a economia com taxa de juros mais condizente com a realidade e poderemos ter uma consistência de compra de todos os setores, garantindo sustentabilidade do PIB a longo prazo.”
Sobre a política tarifária dos Estados Unidos, o presidente da Fabus, afirma que não afetará diretamente o mercado de ônibus porque não há exportação de ônibus para os Estados Unidos, mas abre oportunidade para o Brasil de aumentar as exportações de alimentos para a China.
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