Fundada em 1975, a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Nordeste (Fetronor), filiada à Confederação Nacional de Transportes (CNT), representa sindicatos de empresas do setor de transportes nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, contribuindo para o desenvolvimento e a modernização do transporte coletivo da região.
TECHNIBUS – Quais os principais desafios do transporte coletivo na região nordeste?
Eudo Laranjeiras – Um dos principais desafios do setor para a nossa região é o convencimento dos órgãos gestores em priorizar o transporte coletivo. Mas priorizar de verdade, com uma política de transportes. Este tem sido um desafio constante: mostrar ao gestor que nós somos apenas operadores de transporte, e que a responsabilidade pelo serviço e pela infraestrutura é toda do poder público. E também mostrar para a população que nós somos corresponsáveis por esse serviço.
TECHNIBUS – Como lidar com a perda de passageiros causada pela concorrência com os aplicativos de transporte individual (por motos e carros)? É possível recuperar esses passageiros?
Eudo Laranjeiras – O transporte coletivo sofre a concorrência do transporte individual por aplicativo e isso é um problema que precisa ser pensado seriamente para que não se definhe o transporte público. O transporte coletivo é necessário, é essencial e tem que ser priorizado – não só nas vias, com faixas e canaletas exclusivas, mas também na hora de custear esse serviço. Nós teríamos que ter uma taxa para quem usa o ônibus, e o restante dos custos deveria ser dividido para toda a sociedade por meio de impostos. Eu entendo que para ocorrer a recuperação desses passageiros que têm se perdido na última década, a solução está aí: uma passagem módica, que atenda aos anseios da população e que possa concorrer com os aplicativos – que têm algumas vantagens, pois não pagam os mesmos impostos, o que é uma dificuldade adicional. O poder público, que é o responsável pelo transporte coletivo, tem que entender que precisa subsidiar o usuário.
TECHNIBUS – Como o senhor avalia o processo de descarbonização no transporte da região? A eletrificação é a maior tendência? E o biometano?
Eudo Laranjeiras – Nós entendemos que eletrificação da frota do transporte coletivo passa pela implementação da infraestrutura. Como eu disse antes, a infraestrutura é responsabilidade do Estado. Não adianta simplesmente comprar um ônibus elétrico, o que é muito fácil. O difícil é você contar com uma infraestrutura para que os operadores possam abastecer os veículos com rapidez e tenham condições de servir a população com qualidade. Não adianta ter um ônibus elétrico, que não polui e é bastante moderno, mas que tenha dificuldade de abastecimento. Já o biometano é um tema que aqui na nossa região é pouco falado, mas temos que continuar perseguindo novos modelos de tecnologia limpas para que possamos fazer uma descarbonização segura, e que, sobretudo, atenda bem à população.
TECHNIBUS – Quais os destaques nas comemorações aos 50 anos da Fetronor?
Eudo Laranjeira – A Fetronor promove o seminário “Caminhos do Futuro: desafios e oportunidades no transporte de passageiros”, no dia 11 de abril, no Auditório Sest-Senat, em Natal (RN), com a presença de especialistas, empresários e autoridades. O seminário foi idealizado para discutir mobilidade no Brasil e até fora do país, mostrando a necessidade da priorização do transporte público. E para isso contamos com a presença de Francisco Christovam, diretor-executivo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Sustentabilidade e meio ambiente, e como nosso segmento pode contribuir para melhorar a situação atual é um dos temas apresentados. Outro convidado é o economista e ex-ministro Maílson da Nóbrega, que aborda a situação econômica atual do país e o que esperar para o futuro, e os desdobramento desse tarifaço lançado por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. E ainda estamos lançando um livro, “Fetronor: a luta pelo transporte de passageiros de ontem, hoje e amanhã”, que é uma coletânea da história da federação, dos fundadores, dos pioneiro e dos sindicatos que a compunham, do Amazonas até a Bahia. Buscamos mostrar a importância desses verdadeiros baluartes que perceberam a necessidade de se unir e criar a federação. O livro mostra essa trajetória e parabeniza todos os pioneiros do transporte na região.

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