O papel do poder público no transporte coletivo

Uma entrevista histórica com o então presidente da NTU, Otávio Cunha Filho, as novidades em bilhetagem eletrônica e os lançamentos da indústria. Confira os temas mais importantes em mobilidade e transporte coletivo na Technibus 48, de abril de 2.000

Marcia Pinna

Em abril de 2000, a 48ª edição da revista Technibus trazia uma entrevista com o então presidente da Associação Nacional de Transportes Urbanos (NTU), Otávio Cunha Filho, que viria a falecer em fevereiro de 2022. Na ocasião, Cunha Filho fez duras críticas ao governo federal, – na época estava em andamento o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso -, pela falta de apoio ao transporte coletivo e principalmente pela ausência de uma política nacional de investimentos na área de transportes públicos.

“O que nós estamos identificando hoje é que os grandes problemas do transporte público passam pela necessidade de grandes investimentos em infraestrutura, em financiamento, para permitir uma malha viária melhor, maior velocidade operacional e uma melhor qualidade de vida para a população”, afirmava o especialista.

Outra questão apontada é a dificuldade de financiamento, pela falta de recursos do BNDES destinados ao setor, e também pela burocracia enfrentada para se obter financiamento na iniciativa privada. Atualmente, o BNDES disponibiliza linhas de crédito para mobilidade, principalmente para renovação de frota, descarbonização e infraestrutura. As parcerias público-privadas também avançaram bastante, em especial para o sistema metroferroviário.

A bilhetagem eletrônica também foi um tema importante na Technibus 48. Recife acabava de entrar na era da bilhetagem eletrônica com medidas pensadas para combater a evasão de receitas. Uma das novidades era a venda de créditos para smart card pela Internet. “O sistema se molda à cidade, oferecendo opções de tipo de tarifa, permitindo que se trabalhe com o conceito de dinheiro ou de crédito, além do uso simultâneo de cartões com ou sem contato”, informava Marco Antônio Tonussi, diretor da Tacom, que forneceu a tecnologia para Recife na época.

Também na área de tecnologia, a Technibus trazia uma reportagem sobre a Empresa 1, que havia investido US$ 1 milhão para o lançamento do validador que utiliza smart card com leitura da impressão digital do passageiro. Desde então, a biometria ganhou o Brasil, entretanto, a leitura da digital foi substituída pela biometria facial, que se mostrou mais eficiente ao longo do tempo.

Entre os lançamentos do ano, o modelo 2000 do micro-ônibus Senior, da Marcopolo, ganhava destaque. Já a Mercedes-Benz anunciava as vendas para maio de 2.000 de seu primeiro miniôbus, o chassi 402 D, derivado da Sprinter, com fabricação na Argentina. Destinado ao transporte escolar, executivo e outras aplicações urbanas, disponibilizava quatro opções de carroceria: Busscar, Caio, Comil e Marcopolo.

Vale conferir a 48ª edição da revista Technibus!

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