Anos 90: municípios buscavam a modernização do sistema de transporte

A 13ª edição da revista Technibus, de julho de 1993, abordava a necessidade dos sistemas de transporte coletivo se atualizarem para se adaptarem às necessidades da população

Marcia Pinna

Em julho de 1993, a 13ª edição da revista Technibus trazia uma reportagem de capa sobre o projeto de integração do sistema de transporte de Fortaleza (CE), que completava um ano. A cidade também havia modernizado a sua frota para oferecer ao usuário um transporte mais eficiente. Entre os avanços com o novo modelo, se destacava o aumento da velocidade média e o fato de os passageiros passarem a pagar apenas uma tarifa, o que trouxe uma redução dos usuários que passavam pelas catracas.

O secretário de transportes da cidade na época, Thomaz Lima de Carvalho Rocha, afirmava que o sistema integrado estava contribuindo para o desfavelamento de Fortaleza, pois com um transporte mais eficiente, a população poderia residir na periferia, onde os custos eram mais baixos, e trabalhar nas regiões mais centrais.

Por outro lado, empresários ouvidos pela reportagem desaprovaram a integração e reclamavam da defasagem tarifária. A edição traz ainda uma entrevista com Francisco Feitosa de Albuquerque Lima, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Ceará (Setpec), sobre os avanços obtidos pelo disciplinamento do transporte urbano em Fortaleza.

E a revista apresentava um outro município brasileiro, Ponta Grossa, no Paraná, que iniciava o processo para disciplinar o transporte coletivo, também com um foco na integração. Já Sorocaba, no interior de São Paulo, apostava na inovação para melhorar o deslocamento dos passageiros, com uma ”parceria
tecnológica” com a Mercedes-Benz para o controle da frota de ônibus em tempo real.

Atualmente, integração tarifária e uso da tecnologia já se tornaram realidade em grande parte das cidades brasileiras. Mas a edição 173 da Technibus, que sai nesta semana, traz os casos de dois municípios que se preparam para modernizar o transporte coletivo e construir uma mobilidade mais integrada: Belo Horizonte (MG) e Aracaju (SE), mostrando que os sistemas estão sempre em evolução e transformação.

Francisco Christovam, diretor-executivo da Associação Nacional de Transportes Urbanos (NTU), ressalta algumas mudanças positivas nas administrações municipais no campo da mobilidade, que estão ocorrendo hoje no Brasil. “Os municípios estão cuidando da formalização dos sistemas e também têm buscado assessoria especializada para elaborar os contratos e melhorar o transporte em si. Antes era comum que as operadoras atuassem anos atuando sem um contrato formal e atualizado, o que era muito ruim para todos.”

A 13ª edição da Technibus contava com vários outros assuntos como o início da venda dos ônibus e das linhas da CMTC, os bons negócios da Marcopolo no mercado externo, o setor de autopeças e as atrações da Automec, além dos lançamentos da indústria.

No editorial, Ariverson Feltrin, o Ari, abordava a produtividade na indústria e nas empresas de ônibus. “Entre as empresas de ônibus, muitas já estão conscientes da necessidade do aumento de produtividade para enfrentar a retração no número de passageiros”, observava. “É possível transportar mais reduzindo custos, da mesma forma que a indústria automobilística está produzindo mais e melhor com menor número de pessoas.”

Reportagem sobre Fortaleza na Technibus 13 (Acervo OTM)

Confira a Technibus 13 na íntegra.

Acesse o Acervo OTM Editora.

Veja também