Márcia Pinna Raspanti
O ANTP Café, que reúne autoridades, especialistas e profissionais em mobilidade, realizou um bate-papo, em 27 de abril, com a presença de Francisco Christovam, presidente executivo da NTU, e Carlos Batinga, consultor e diretor da ANTP. A mediação foi Carlos de Senna Frederico, vice-presidente da ANTP, e do jornalista Alexandre Pelegi. O evento se deu na nova sede da Transdata, em Campinas.
“Como chegar à qualidade que o transporte precisa? Ouvindo os empresários“, este foi o tema central da discussão. Para Christovam, é preciso procurar novos caminhos, deixando para trás alguns conceitos já obsoletos. “O transporte é um serviço essencial e público, mas quase nunca é tratado desta forma. O poder concedente apenas passa o problema para a iniciativa privada”, comentou.
Christovam observa que a pandemia fez aflorar os problemas já existentes do transporte público por ônibus. “Mais de 100 cidades passaram a praticar a separação entre tarifa pública (paga pelo passageiro) e de operação, pois perceberam que o sistema poderia parar. Isso já é um avanço”, disse.
Batinga afirmou que o maior desafio do setor é elaborar uma proposta de qualidade, atraindo a sociedade para se engajar nesse processo de construção. “Precisamos criar um projeto com foco e prazos de implementação. O usuário hoje não acredita nem no poder público nem nas empresas operadoras. Precisamos quebrar esse ciclo”, destacando ainda que o transporte urbano é uma responsabilidade das três esferas de governo.
Cláudio de Senna Frederico acredita que o transporte público por ônibus deve despertar o desejo da população. “Há 50 anos, o transporte ferroviário era muito ruim, mas o metrô chegou como um novo produto. Logo, tornou-se desejado e nunca faltaram investimentos para ele. O transporte coletivo por ônibus não poderia ser assim?”, questionou. A descarbonização e a modernização do setor foram apontadas pelo especialista como formas de causar esse efeito no usuário.