Programa Caminho da Escola deve impulsionar o mercado de ônibus em 2024

Com a produção regularizada, um volume maior em maio por causa dos modelos escolares e o aquecimento das exportações, o setor deverá crescer de 20% a 25% neste ano, segundo a Fabus

Sonia Moraes

O mercado de ônibus mantém a perspectiva positiva para este ano ao levar em conta a produção regularizada, o volume maior em maio por causa do programa Caminho da Escola e a melhora nas exportações, que cresceram 30% de janeiro a abril com o embarque 927 veículos – 647 rodoviários, 145 micro-ônibus e 135 urbanos – na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus).

“A projeção de crescimento entre 20% a 25% esperada para este ano depende muito do Caminho da Escola que está um pouco atrasado”, disse Rubem Bisi, presidente da Fabus, em entrevista para o portal da Technibus.

Segundo Bisi, o volume de compras de ônibus escolares por meio das emendas parlamentares está inferior à quantidade esperada. “Nos primeiros 90 dias, as compras do Caminho da Escola estão bem abaixo do que foi registrado em outros anos.”

Por meio de verbas parlamentares, houve uma compra de 1.500 ônibus escolares. E o setor aguarda a compra de mais 1.000 veículos e espera que o governo libere mais 1.500 veículos, o que totalizará a aquisição de 4.000 modelos escolares de forma direta. “Para atingir os 15.320 veículos escolares previstos para este ano, tem que haver compras dos estados, municípios e de emendas parlamentares”, destacou Bisi.

“Com as liberações de emendas parlamentares na semana passada, os estados e municípios, que estavam esperando para tomar as decisões e sabendo que não vai mais haver mais compras de ônibus pelo PAC, podem começar a adquirir os veículos. O Caminho da Escola pode avançar neste ano”, comentou Bisi.

São três formas de compras de ônibus do Caminho da Escola: por meio de verbas diretas do Ministério da Educação, pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Por meio de verbas que os municípios e os estados disponibilizam para a compra de ônibus escolares, e por meio de verbas provenientes de emendas parlamentares. Geralmente são 50% para a saúde, e o restante é utilizado para a aquisição de ônibus escolares ou doações para escolas e obras. “Muitos parlamentares compram ônibus escolares para os municípios usarem no transporte rural.”

Os ônibus escolares que estão sendo produzidos neste ano estão de acordo com as normas estabelecidas pelo FNDE. Do total de veículos encomendado no programa Caminho da Escola, a maioria é de modelos simples e mais baratos. Os veículos com câmbio automatizado e com ar-condicionado não têm muita demanda, segundo Bisi.

Segundo o FNDE, até 05 de maio de 2024 foram liberados 542 ônibus pelas montadoras aos entes federados – do total de 1.500 comprados –, sendo 417 para o Nordeste, 72 Sudeste, 28 Sul, 17 Centro-Oeste e 8 para o Norte, e o repasse aos municípios totalizou R$ 21,19 milhões (R$ 21.192.217,06).

PAC 3 é aguardado pelo setor-

Outro programa aguardado pelo mercado de ônibus é o PAC 3, que tem R$ 10,6 bilhões destinados para a compra de ônibus e trens. O governo projeta comprar neste ano 5.311 veículos – 2.529 ônibus elétricos e 2.782 movidos a diesel, além de 39 veículos sobre trilhos.

O ministério das cidades vai financiar as prefeituras para a compra desses veículos por meio do Programa de Renovação de Frota do Transporte Público Coletivo Urbano (Refrota) com captação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) liberado pela Caixa Econômica Federal.

Segundo o presidente da Fabus, 61 municípios já estão cadastrados para receber os recursos da Caixa Econômica Federal. “Em junho devem ser publicados os editais de licitações. A exigência é que os ônibus elétricos tenham 20% de conteúdo local para ter acesso ao financiamento. A indústria está preparada para produzir esses veículos, mas esperamos que não ocorra atraso na licitação”, comentou Bisi.

Urbanos, rodoviários e micro-ônibus-

Sobre a retração de 27,9% na produção de ônibus urbanos no primeiro quadrimestre – de 4.059 unidades nos primeiros quatro meses de 2023 para 2.922 unidades neste ano – o presidente da Fabus comentou que ocorreu porque muitos empresários suspenderam as compras enquanto aguardam as definições de aquisições do governo por meio do PAC.

O crescimento de 34,1% na produção de ônibus rodoviários, de 1.559 para 2.090 unidades de janeiro a abril deste ano, é atribuído, além de maior demanda do mercado, ao acordo que os empresários fecharam com a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTP) sobre o novo marco regulatório para o setor, que garante maior segurança para a operação. “Agora vamos ter compras significativas de ônibus rodoviários neste ano”, comentou Bisi.

No segmento de micro-ônibus, o crescimento de 17,9% na produção até abril – de 1.512 unidades nos quatro meses do ano passado para 1.782 unidades neste ano – deve-se ao impulso dos modelos escolares.

O presidente da Fabus comentou que as enchentes no Rio Grande do Sul não atrapalharam o desempenho do mercado de ônibus. “A Marcopolo parou dois dias para deixar os funcionários em casa e ajudar os familiares, mas essa produção não está perdida. As demais encarroçadoras também não foram impactadas pela calamidade.”

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