Produção de ônibus tem queda de 23% no primeiro quadrimestre

Nas vendas, houve redução de 45,2% em abril, mas em comparação ao mesmo mês de 2022, o crescimento foi de 25%; no acumulado do quadrimestre, o avanço foi de 71,5%

Sonia Moraes

A produção de ônibus continua afetada pela mudança na legislação de emissões do Proconve P8 referente a Euro 6 e registra no acumulado de janeiro a abril deste ano uma queda de 23%, com 5.643 veículos produzidos, ante as 7.327 unidades fabricadas no mesmo período de 2022, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Do total de chassis produzidos até abril, 4.952 são modelos urbanos – 21,1% abaixo dos quatro meses de 2022 (6.277 unidades), e 691 são rodoviários, com redução de 34,2% em relação a igual período do ano passado, quando foram fabricados 1.050 veículos.

Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, destacou que, em abril, a produção de veículos pesados foi muito afetada por paradas das fábricas. “Com a introdução do Proconve P8, a situação ficou muito difícil, e no mês passado foi necessário reduzir turno para adequar à demanda que continua bem abaixo do esperado.”

Bonini lembrou que no ano passado não foi possível observar o efeito de pré-compra, como ocorreu em 2011 com a mudança para Euro 5, quando as vendas tiveram crescimento de 10%. “As montadoras tiveram limitação de produção, com a restrição na entrega de semicondutores, peças e componentes, e as vendas foram mais estáveis. Não foi possível saber o que estava sendo produzido e preparado para ser vendido no ano seguinte”.

O mês de abril também teve menos dias úteis, o que levou a produção de 1.628 ônibus ficar 16,9% abaixo de março, quando foram fabricados 1.958 veículos. Do total, 1.414 são modelos urbanos e 214 são rodoviários.

Vendas

Em relação a março deste ano, as vendas de ônibus de abril apresentaram redução de 45,2%, chegando a 1.409 unidades, mas em comparação a abril de 2022 (1.127 unidades) o crescimento foi de 25%. No acumulado de janeiro a abril, o avanço foi de 71,5%, com 7.628 veículos emplacados no país, ante as 4.449 unidades vendidas no mesmo período de 2022.

Segundo Bonini, dos 7.628 ônibus vendidos até abril, apenas 1,5%, que correspondem a 112 veículos, são modelos fabricados em 2023 – os modelos produzidos neste ano deveriam representar 20%. Os 98,5% (7.516 ônibus) são de modelos fabricados em 2022. “O maior desafio para o segmento de pesados é a fase do Proconve P8, o quanto o mercado está demorando a reagir para essa nova tecnologia”, destacou.

No ranking do primeiro quadrimestre de 2023, a liderança ficou com a Mercedes-Benz, com venda de 3.542 ônibus, 62% a mais que no acumulado de janeiro a abril de 2022 (2.186 unidades). O segundo lugar ficou com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que vendeu 2.203 veículos, 107% acima do mesmo período do ano anterior (1.064 ônibus), e o terceiro ficou com a Agrale, que comercializou 1.273 veículos, resultado 33% superior aos quatro primeiros meses de 2022 (957 unidades).

Na sequência, está posicionada a Volvo que vendeu 362 ônibus até abril, 194,3% a mais que no primeiro quadrimestre do ano passado (123 unidades); a Iveco com 135 ônibus vendidos, um volume 164,7% superior ao mesmo período de 2022 (51 unidades), e a Scania com 80 veículos comercializados no país, aumento de 90,5% sobre janeiro a abril do ano passado (42 ônibus).

Mercado externo-

As exportações de ônibus em abril tiveram aumento de 55,3% em relação a março (215 unidades), com 334 veículos, e de 9,5% em relação ao mesmo mês de 2022 (305 unidades). No acumulado do ano, a retração foi de 10,4%, com 1.142 veículos comercializados no exterior, ante as 1.275 unidades vendidas no mesmo período de 2022.

Bonini afirmou que, com os desafios impostos pela mudança na legislação de emissões, é preciso ter um programa de financiamento para ônibus e caminhões para acelerar a compra dos modelos Euro 6 no mercado interno e nas exportações, o que se refletirá no aumento da produção de veículos pesados.

“Há mercados, que apesar da redução interna, estão se tornando atrativos para a exportação de caminhões e ônibus. Há o acordo de livre comércio com o México, que se iniciou há quatro anos com a redução gradual do imposto de exportação até zerar a tarifa em junho deste ano. Isso mostra o potencial que o país tem para exportar para o mercado mexicano. Os números de exportações estão crescendo para o México, mas se houver uma base de financiamento de exportação ainda mais relevante, é possível ativar esse mercado”, destacou.

Segundo a Anfavea, em abril, o México foi destaque nas exportações de toda a indústria automobilística, passando de 16% de participação no mesmo mês do ano passado para 37%. A Argentina saltou de 27% para 30%, a Colômbia recuou de 19% para 9%, o Chile de 18% para 7%, o Uruguai se manteve estável em 4% e o Peru caiu de 3% para 2%.

Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, disse que na reunião que terá com Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, a principal demanda para o segmento de veículos pesados é utilização a linha de crédito Finame para impulsionar as vendas no mercado interno e a linhas de financiamento para as exportações. “Com as quedas de exportações que estamos vendo é muito importante que o Brasil tenha linha de crédito de financiamento e um tratamento específico no âmbito do Mercosul”, disse o presidente da Anfavea.

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