Jorge Carrer, gerente executivo de vendas de ônibus da Volkswagen Caminhões e Ônibus: “O mercado de ônibus ainda está bastante fragilizado e a recuperação será gradativa”

Mesmo diante de um momento difícil com o avanço da pandemia, o executivo projeta crescimento de 13% para o mercado de ônibus neste ano

Technibus – Qual a expectativa da Volkswagen Caminhões e Ônibus para 2021?

Jorge Carrer – Teremos alguns meses difíceis em 2021 por causa do avanço da pandemia. Não dá para negar que a crise sanitária de 2020 vai deixar algumas feridas que levarão tempo para cicatrizar, mas acredito que estamos perto de ter um esfriamento desta situação, com a campanha de vacinação, e em algum momento a situação deve começar a melhorar.

Technibus –  O que a empresa espera para o mercado de ônibus?

Jorge Carrer – A recuperação do setor de ônibus deverá ocorrer paulatinamente. Apesar da demanda reprimida, as empresas precisam renovar a frota de ônibus para cumprir o contrato de idade média dos veículos. Mas, por estarem sem condições, algumas estão negociando com os órgãos gestores, com as prefeituras e o Estado o melhor momento para voltar a investir em renovação.

Technibus – O setor fechará o ano com resultado positivo?

Jorge Carrer – A minha previsão é a mesma da Anfavea, que projeta crescimento de 13% para o mercado de ônibus em 2021. Se o setor conseguir esse crescimento acima de dois dígitos, é um bom sinal. O mercado ainda está bastante fragilizado e a recuperação será gradativa.  

Technibus – O que as empresas estão reivindicando?

Jorge Carrer – O setor vem há meses pleiteando um plano de socorro para as empresas que passaram por dificuldade financeira no ano passado. Mas há impasse em relação ao subsídio e à melhoria de tarifas. 

Technibus – O pior já passou para o setor de ônibus?

Jorge Carrer – Quero acreditar que o pior já passou, mas a pandemia não acabou e temos muita lição de casa para fazer.

Technibus – Qual segmento enfrentou menos impacto com a crise da Covid-19?

Jorge Carrer – O segmento de fretamento foi o único que cresceu no ano passado e ainda tem potencial para crescer por conta da grande demanda do agronegócio e da mineração, que estão indo muito bem e comprando ônibus. Os negócios que a Volkswagen tem fechado hoje para fretamento são para esses segmentos.

Technibus – Qual o principal ônibus da marca para o fretamento?

Jorge Carrer – O modelo 17.230 é o carro-chefe da Volkswagen no segmento de fretamento.

Technibus – As empresas estão enfrentando falta de crédito. Você acha que isso que pode atrapalhar a retomada do mercado de ônibus?

Jorge Carrer – No primeiro momento sim. A situação financeira das empresas se deteriorou com a pandemia e ficou difícil o acesso ao crédito. Mas essa situação tende a ir se normalizando. Se houvesse crédito mais abundante ou algum programa de incentivo de renovação de frota, como foi pensado no passado com o Refrota, isso poderá ajudar.

Technibus – O que a Volkswagen está fazendo para crescer neste mercado ainda rodeado de incertezas e dificuldades?

Jorge Carrer – Nos últimos anos a Volkswagen vem recuperando participação de mercado em uma base bem sólida em termos de produto, em parceria com o banco e com o pós-venda. Não dá para dizer que um produto ou outro será responsável por isso. Mas a empresa tem feito uma evolução técnica dos veículos ao longo dos últimos anos para torná-los cada vez mais competitivos em preço, com melhor desempenho, menor consumo, buscando reduzir custos de manutenção e qualidade dos componentes.

Technibus – O que representa o programa Caminho da Escola para os resultados da Volkswagen?

Jorge Carrer – Nos últimos 14 anos, a Volkswagen vendeu mais da metade do total de ônibus que foi comercializado pelo programa Caminho da Escola. A empresa se especializou no segmento escolar e tem grande expertise no Caminho da Escola, o que tem trazido bons frutos.

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