Jaime Bueno Aguiar, presidente da CNTTT: transporte público já soma 70 mil demissões

“Será necessário que o governo reveja por completo o sistema de transporte público que, já não se sustenta mais nesse modelo tarifário, segundo as próprias empresas”, diz o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres (CNTTT)

De acordo com a CNTTT, os trabalhadores do transporte público urbano e metropolitano de passageiros vivem o pior momento da crise econômico-financeira causada pela pandemia da Covid-19, enfrentando demissões e atrasos em seus salários e benefícios devido à situação precária das empresas do setor.

Technibus – Quais as principais reivindicações dos trabalhadores do transporte público (por ônibus)?

Jaime Bueno Aguiar – A paralisação imediata de todas as demissões no setor de transporte por ônibus. 

Technibus – Como o poder público (municípios e governo federal) pode apoiar esses trabalhadores de forma concreta?

Jaime Bueno Aguiar – Os trabalhadores compreendem que para isso será necessário que o governo reveja por completo o sistema de transporte público que, já não se sustenta mais nesse modelo tarifário, segundo as próprias empresas. Em várias ocasiões, em conversa com alguns empresários, a CNTTT pôde ver ameaças de demissões e a dificuldade das empresas, que veem a população reclamar que já não suporta pagar por tarifas caras para um serviço sem nenhuma qualidade.

Technibus – Além das medidas emergenciais, o que a CNTTT propõe para evitar novas crises no setor?

Jaime Bueno Aguiar – A medida emergencial vai servir apenas para não deixar com que as empresas fechem e deixem milhares de pessoas sem esse serviço essencial, além de outros tantos trabalhadores sem o seu sagrado ganha-pão. Mas, é preciso que seja feito algo mais. É utopia imaginar que o transporte de massa sobreviva sem a interferência do Estado para remunerar as empresas pelo serviço que o próprio Estado concedeu a elas. E o modelo tarifário, segundo elas, é um modelo falido. A CNTTT propõe que, além do auxílio emergencial, que é paliativo e urgente, o governo e o Congresso Nacional ouçam os trabalhadores em suas reivindicações, mas, atentem para a necessidade de se repensar todo modelo de transporte público e dê uma solução perene para o setor e tranquilidade aos trabalhadores.

Technibus – Que regiões do país foram mais afetadas pela crise no transporte público?

Jaime Bueno Aguiar – Todas as regiões foram severamente afetadas pela crise no transporte e promoveram demissões, renegociaram redução de salários e carga horária, diminuindo drasticamente a renda dos trabalhadores.

Technibus – Há risco de uma greve generalizada? Quais as implicações de uma paralisação de grandes proporções para o país?

Jaime Bueno Aguiar – Sempre que a necessidade (fome) exige, os trabalhadores se mobilizam aos milhões em todo território nacional, promovendo paralisações e, às vezes, sem controle de suas próprias lideranças, ocasionando um verdadeiro caos.

Technibus – Como tem sido a negociação com as empresas operadoras? Jaime Bueno Aguiar – As negociações com as empresas são muito difíceis, em função do cenário de bancarrota que elas alegam. A CNTTT entende ainda, que a maneira mais justa de se distribuir renda é gerando emprego para quem trabalha.

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